JORNAL ESTÂNCIA DE ATIBAIA
Por: Eduardo Negrão
Valdemar da Costa Neto é 100% confiável? Essa é a pergunta que assombra os 58 milhões de conservadores que votaram em Bolsonaro. E para frustação da maioria, essa pergunta é irrelevante agora – deveria ter sido feita antes da filiação de Jair Bolsonaro e dezenas de parlamentares ao PL.
O presidente ainda é um fenômeno eleitoral a ser estudado, sozinho criou transformou dois partidos em gigantes, o PL com 99 deputados federais e o União com 59 mas ele não controla nenhum dos dois.
Essa imperícia na gestão partidária que vem desde 2020 foi determinante para a derrota do presidente. Agora Bolsonaro terá que compor com Valdemar e se sujeitar ao seu comando até ter forças para assumir o controle do PL – e nem pensem em brigar ou sair do partido porque isso seria um presente para Costa Neto, como já foi para o deputado Luciano Bivar, quando Bolsonaro deixou o PSL com um grande número de deputados e um bilionário fundo partidário.
Ressalte-se que Valdemar Costa Neto será o 1º aliado de Bolsonaro a ser procurado por Lula. Eles já se conhecem bem e tem ‘uma história’ juntos. E a ele será oferecido tudo: ministérios, bancos, estatais enfim. Por isso será importante que Bolsonaro se mantenha próximo d presidente do PL, exatamente para constranger essa negociação.
CAPITÃO NA PREFEITURA DO RIO.
Após a derrota para o petista Luiz Inácio Lula da Silva na eleição presidencial, o presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) passou os últimos dois dias discutindo os próximos passos com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. O partido ofereceu a Bolsonaro a possibilidade de assumir um cargo remunerado na legenda e de montar um escritório político para que ele organize a oposição a Lula. Além disso, Costa Neto também sugeriu a Bolsonaro que siga morando em Brasília em um imóvel custeado pelo partido no Lago Sul, região nobre da capital federal. Segundo interlocutores de Bolsonaro ouvidos pela coluna, ele conseguiria ter mais privacidade no Distrito Federal do que se voltasse a morar em sua antiga casa no condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro.
É isso, Bolsonaro terá que capitular num primeiro momento e aceitar as ‘gentilezas’ de Valdemar. Ato continuo terá que começar a organizar as candidaturas para as prefeituras em 2024 e ser pragmático. Focar nas capitais da região sul, sudeste e centro oeste com especial atenção à Porto Alegre e Belo Horizonte, onde deve somar forças com Romeu Zema para eleger um prefeito aliado. Bolsonaro deve considerar seriamente uma candidatura a prefeitura do Rio, lhe devolveria a visibilidade, controlaria um território fundamental para a Globo e derrotaria um grande aliado de Lula, Eduardo Paes.
A prefeitura de S. Paulo seria uma aposta muito arriscada para Bolsonaro onde ele e Tarcísio de Freitas forma derrotados no 2º turno. Quanto ao nordeste, Bolsonaro deve esquece-lo por enquanto, essa não é (definitivamente) a nossa praia.
Eduardo Negrão é analista político - @prof.eduardonegrao
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