Atores e diretores de cinema despedem-se de Arnaldo Jabor no Rio
JORNAL ESTÂNCIA DE ATIBAIA Por Alana Gandra Cineasta e ator morreu ontem aos 81 anos em São Paulo De seu sítio, no interior do estado, onde se encontra recolhida, a atriz Fernanda Montenegro lamentou a morte do amigo Arnaldo Jabor, responsável por fazê-la ingressar de vez no meio cinematográfico, com o filme Tudo Bem . “Jabor, querido, que criador, que homem de cultura você é. Há três filmes seus que são antológicos, fazem parte da nossa história cultural cinematográfica, que são Eu te Amo , Tudo Bem e Eu Sei que Vou te Amar . Nosso elenco extraordinariamente aproveitado. Está aí para provar; é só querer ver”, indicou a atriz, que será empossada este ano como nova imortal da Academia Brasileira de Letras.
Fernanda lembrou da personalidade de Jabor como jornalista, pensador, cronista, ensaísta, “com a coragem política de se propor. Um grande adeus, um demorado adeus, um eterno adeus. Eu amo o filme que fizemos juntos, louco, mas de uma transcendência poética, como toda a sua obra cinematográfica. Um grande abraço, meu amigo querido, detonador de uma vida cinematográfica para a qual eu, de repente, me vi levada. Devo a você essa confirmação de que eu poderia fazer cinema, que vinha desde A Falecida, mas com você se consolidou. Um grande abraço. Para sempre um grande abraço. Um grande agradecimento”, concluiu a primeira-dama do teatro brasileiro em sua despedida do amigo.
Arnaldo Jabor morreu ontem (15), aos 81 anos de idade, no Hospital Sirio-Libanês, em São Paulo, onde estava internado desde o dia 17 de dezembro, depois de sofrer um acidente vascular cerebral. De acordo com a família, a causa da morte foram complicações do AVC.
Homenagens
Hoje (16), está acontecendo o velório de Jabor no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM). Companheiros de cinema, amigos e fãs do cineasta, entre os quais os diretores cinematográficos Bárbara Paz e Zelito Viana, e a diretora de televisão Amora Mautner, percorrem o espaço desde as 11h, para suas últimas homenagens ao carioca Jabor, nascido a 12 de dezembro de 1940, no então Distrito Federal, filho do oficial da Aeronáutica Salomão Jabor Sobrinho, e da dona de casa Diva Hess. Os três filhos do cineasta - João Pedro, Carolina e Juliana - estiveram presentes ao velório no Rio.
Um dos fundadores do Cinema Novo, o cineasta Cacá Diegues disse à Agência Brasil que Jabor foi uma das pessoas mais importantes da cultura brasileira moderna. “Ele viu o Brasil do jeito que a gente gostaria de ver também. É um amigo inigualável, uma pessoa da qual jamais esquecerei. É um amigo inesquecível. Já estou com muita saudade dele”.
A cineasta Lúcia Murat, embora só tenha conhecido Jabor socialmente, disse à Agência Brasil que o importante hoje é pensar nele como grande cineasta, que fez obras fundamentais.”Não tinha grande proximidade, mas acho que foi uma perda imensa para o cinema brasileiro e é uma pessoa que tem de ser lembrada pelos grandes filmes que fez”.
Nas redes sociais, a atriz Fernanda Torres, afirmou que “o Brasil perde um provocador maravilhoso, um grande revolucionário. Grande Jabor!”. Aos 20 anos, Fernanda Torres ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes, por seu papel no filme de Jabor Eu Sei que Vou te Amar .
O ex-presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), professor e poeta Marco Lucchesi, destacou, em entrevista à Agência Brasil, que “Arnaldo Jabor representa parte da história do cinema brasileiro recente. Alma inquieta trazia dentro si todos os ventos. Mansos e bravios. Um temporal. Um estado permanente de alerta e combate”.
Edição: Valéria Aguiar
Atores e diretores de cinema despedem-se de Arnaldo Jabor no Rio